O que são “Velocidade” e Tráfego da Banda Larga ?

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Apesar de bastante conhecida dos usuários de smartphones, a limitação de tráfego é ainda um tema pouco claro para a maioria dos usuários. Especialmente quando se começa a dizer que isso afeta a navegação por vídeos e serviços de TV on line.

Pois bem, como toda nova tecnologia para a grande maioria dos usuários não interessa muito por que as coisas acontecem mas se funciona ou não funciona. Assim a humanidade foi assimilando os benefícios da tal “Rede Mundial de Computadores”, observando o que ela vem trazendo de mudanças no comportamento humano mas pouco compreendendo o que a Internet muda no negócio Telecomunicações.

É fácil compreender as transformações nas relações pessoais com as Redes Sociais os mecanismos de mensagens instantâneas e a profusão de informações que este sistema nos apresenta a qualquer momento e, quase, e qualquer lugar. A conectividade foi incorporada pela humanidade como um serviço de primeira necessidade como água, energia elétrica e saneamento básico.

Quem não vem gostando disso são as tradicionais operadoras de telefonia que, de forma contínua, têm tentado manter suas receitas crescentes na forma clássica, sem evoluírem para a nova era.

O uso do telefone sempre foi cobrado pelo tempo de uso. Ao ligar para um destino o usuário tem a chamada cronometrada até desligar. Este tempo é convertido em tarifa.

A Internet é uma rede de computadores. Hoje, basta ligar um modem e seu computador está diretamente conectado à rede. No seu smartphone, tendo cobertura de dados (Edge, HPSA, 3G ou 4G) você está ápto a se comunicar com o mundo.

Na verdade, sua operadora mantém ligações com outras operadoras e, e esta sucesivamente com outras e com outros usuários e servidores de informação, o que forma a grande rede mundial.

O drama para as operadoras começa com a enorme flexibilidade dos sistemas computacionais. As Apps ou aplicativos que convertem um computador ou smartphone numa televisão ou num telefone. Melhor ainda, num videofone.

Diferentemente da telefonia clássica, o acesso a Internet é cobrado pela taxa de transmissão de dados. Sim, “mega bits por segundo” ou Mbps é taxa de transmissão. Na física, velocidade é distância percorrida num determinado tempo, tipo “metros por segundo”.

Mas vá lá, a taxa de transmissão ou “velocidade” da conexão é somente o quão rápido um pacote de dados do seu computador vai ser levado até a sua operadora e vice versa. Note que o único compromisso da operadora é com a “velocidade” no seu acesso à Internet. Quando você está usando um serviço num servidor que está numa operadora dos EUA, por exemplo, a sua operadora não pode garantir a qualidade da rede da sua parceira norte americana. Por isso, muitas vezes a lentidão de serviços de vídeo, por exemplo, é atribuida ao prestador do serviço de vídeo. Algumas das vezes com razão.

Quando ressalto que o único compromisso da operadora é com o seu acesso à Internet chamo atenção sobre o fato de que o tráfego gerado pelo serviço utilizado pode transcender a rede da sua operadora.

Tráfego é o volume de dados gerado pelo serviço utilizado desde o servidor até o usuário e vice versa. Um exemplo seria um usuário baixando de um servidor remoto um arquivo de 200 Mega bits, a uma taxa de 2 Mbits/segundo. Os 200 Mega bits são o volume de transferência sendo os 2 Mbits/s  a “velocidade” da transferência que, no caso, levaria 100 segundos

A internet é uma rede compartilhada. Isso quer dizer que os dados de muitos usuários são misturados por equipamentos de rede e enviados pelos meios de transmissão que são a estruturas de cabos metálicos, fibras ópticas, rádios, enlaces de satélites e cabos submarinos. Num primeiro momento esta característica otimizou de forma extraordinária os meios de trasmissão.

Com os preços mais baixos as conexões de dados começaram a serem utilizadas para fugir dos serviços caros e ineficientes da telefonia clássica. Em lugar de uma ligação telefônica uma mensagem de texto, sem limite de caracteres do MSN ou do Whatsapp. Em lugar de uma video conferência internacional com link dedicado entre as empresas, um Skype.

O uso de telefones fixos despencaram na última década e o crescimento do uso de celulares inteligentes  com acesso a internet vem crescendo vertiginosamente. O que há de fato é uma migração dos usuários de um modelo de receita que utilizava tempo de uso de diferentes serviços com diferentes tarifas para um modelo de receita que utiliza taxa de transmissão de dados com uma tarifa sem distinção de serviços.

No modelo clássico de tarifação por tempo o dimensionamento das redes era feito pela probabilidade de uso simultâneo dos meios de transmissão. Numa rede estatística como a Internet onde o uso é sempre simultâneo, o dimensionamento é feito pela capacidade de tráfego dos meios de trasmissão.

Como numa rodovia de quatro pistas com limite de velocidade de 120 km/h quando todas as pistas estão sendo utilizadas e há um afunilamento à frente, um congestionamento é inevitável, deixando uma Ferrari e um fusca parados independentemente do valor do IPVA de cada um deles.

Limitar o tráfego é obrigar que o usuário pague a conta pela falta de planejamento das redes, pague a conta do investimento que não foi feito.

Cabe a ANATEL recuperar seu papel de Agência Reguladora do mercado para obrigar que as operadoras não só assumam os custos dos serviços que prestam como também entreguem os serviços contratados.